A data do ato também marcou o aniversário de 70 anos de inauguração da obra, que é uma edificação em pedra basalto, com 55 metros de altura, e com 11.122 pedras assentadas
Na presença de autoridades civis e religiosas o prefeito Lídio Scortegagna assinou na noite desta quarta-feira, dia 30, o decreto 5744/2019 que tornou o Campanário da Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes em patrimônio histórico municipal. O ato configura a liberação legal para iniciar o projeto e restauração do patrimônio, que é um dos principais pontos turísticos do município, além de garantir a preservação da obra arquitetônica entregue para a comunidade em 1949.
Lembrando que o tombamento foi aprovado pelo Conselho Municipal da Cultura no mês de agosto, e durante a cerimônia, realizada logo após a missa das 18h, na Igreja Matriz, os presentes também assinaram o livro tombo municipal. A data do ato também marcou o aniversário de 70 anos de inauguração da obra, que é uma edificação em pedra basalto, com 55 metros de altura, e com 11.122 pedras assentadas.
A missa festiva foi celebrada pelo padre Joone Fachinelli, representante do bispo da Diocese de Caxias do Sul, Dom José Gilson, e contou com a participação do pároco, frei Edson Cecchin, e dos freis Raimundo Costella e André Audibert. Estiveram presentes na solenidade a presidente da Associação dos Amigos do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi, Lorete Maria Calza Paludo, o presidente da Câmara de Vereadores, Samuel de Barros Dias, a sobrinha-neta do frei Eugênio Brugalli, Vania Brugalli, secretários municipais, vereadores e representantes de entidades.
Confira o resumo do histórico do Campanário que foi registrado no livro tombo municipal
No município de Flores da Cunha, ao lado direito da Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes e compondo interessante cenário histórico e estético junto à Praça da Bandeira, faz-se notar imponente construção em pedra - o Campanário. Além de sua grande importância enquanto obra de arquitetura e engenharia, o campanário faz parte da vida da cidade... As badaladas dos sinos marcam o ritmo da rotina, os relógios indicam o movimento do tempo, a música tão característica anuncia os momentos da dor da perda, e a pedra sugere a força da comunidade.
Edificado em pedra basalto, o Campanário possui altura de 55m, tendo por base dimensões de um quadrado com arestas de 9m. A primeira pedra foi colocada em 06 de outubro de 1946, e até a data de sua conclusão em 30 de outubro de 1949, outras 11.121 pedras foram assentadas. O projeto de autoria do Vitorio Zani, teve como engenheiro responsável Luis Lesseigner de Farias. João De Bastiani, proprietário da empresa construtora de Nova Pádua e habilidoso no trabalho com pedra basáltica, comandava a equipe de tarefas formada por Benjamim Vezzaro, Fausto Vezzaro, José Martin e Umberto Menegat. A empreitada contou com grande apoio da comunidade para o financiamento da edificação.
A obra é totalmente construída em pedra de basalto, edificada com pedras regulares retangulares assentadas com argamassa de cimento. A edificação do campanário pode ser dividida em três porções: base, corpo e coroamento. A base de 81m² (9m x 9m) composta por pedras maiores tem sua formação de tronco de pirâmide diminuindo na medida em que a construção se eleva até sua 12ª fiada; a partir de então, o corpo da edificação se ergue com paredes menos robustas, com pedras de menores dimensões.
No corpo, em cada uma de suas quatro faces, o campanário possui desnivelamento da pedra formando um arco ogival em baixo relevo, nestes arcos são contempladas 3 pequenas aberturas retangulares, dispostas verticalmente, além de uma grande janela ogival no topo do plano em desnível, demonstrando notável habilidade de seus construtores no serviço de cantaria quando do assentamento de pedras em cunha. As aberturas em arco ogival também fazem referência àquelas existentes na Igreja Matriz.
No coroamento da obra, sobre o corpo, uma “bandeja” em pedra rendilhada é o suporte para a locação de quatro pináculos - um em cada aresta do quadrado da base - e também para o topo da edificação onde encontra-se maior profusão de detalhes. No centro da bandeja, está um volume vertical retangular com cantos chanfrados, tento em cada uma de suas faces duas janelas em arco ogival e sobre elas um relógio. Encimando a construção e acompanhando o contorno do volume estão coroamentos rendilhados, com faixas de desnível em alto relevo. Os rendilhados fazem referência ao detalhes da Igreja Matriz, entretanto também remetem ao lambrequim, detalhe arquitetônico típico das construções do início da colonização italiana no Rio Grande do Sul, executado em madeira para embelezamento de beirias de casas. Finalizando a edificação, sobre base rendilhada que lembra antigas fortalezas ou castelos (movimento do rendilhado em zigue-zague quadrado voltado para o topo) está uma grande cruz branca.
Internamente escadas em madeira junto das paredes do campanário direcionam o usuário em movimento espiral até o topo. A subida é intercalada por patamares também em madeira, que impossibilitam o visual pleno do interior (da base ao topo), mas propiciam maior segurança. Pode-se observar mais de perto o incrível trabalho em cantaria, principalmente quando da chegada junto às janelas em arco ogival e a visualização do pináculos. Na subida pode-se observar as máquinas dos relógios, além da grandiosidade dos cinco sinos em cobre, que juntos pesam 2,5 toneladas. Os suportes para os sinos e patamares também indicam grande habilidade no feitio de peças em madeira.
O Campanário, por fim, trata-se de uma imponente obra de engenharia e arquitetura, edificada pelas mãos de hábeis construtores, e que se faz presente no imaginário do município como um símbolo de fé e força da comunidade.